Entender e administrar os nossos medos, romper com os medos neuróticos q nos
atrapalham e atrasam a nossa evolução espiritual, saber lidar com os medos q nos
impõem atenção e cuidado, tudo isso representa os caminhos para o autoconhecimento.
Se fôssemos seres mais naturais, ou seja, se atuássemos de acordo com as leis
universais, os nossos medos também seriam naturais e não atravancariam ou
atrapalhariam tanto nossa caminhada.
Entretanto, é natural e normal sentirmos medos e apreensões, pois a natureza nos
dotou com um mecanismo de preservação à vida quando nos faz sentir medo de
coisas desconhecidas ou realmente perigosas. O fato d termos medo não é vergonha nenhuma, já q a natureza nos impõe certos medos simplesmente para q preservemos
a nossa vida, sendo que o contrário, ou seja, uma pessoa q não tem medo algum é
antinatural perante a vida e é considerada realmente uma suicida em potencial.
Os medos, às vezes, se fazem presente como uma voz amiga ou como aquela
luzinha no painel do carro, simplesmente nos pedindo para fazermos nossa parte,
ficarmos mais alertas, para, com isso, nos preservarmos.
Precisamos perceber quais são os medos neuróticos e para isso é necessário compreender o que é neurose. De uma maneira geral, podemos definir como neurose tudo o que destoa de um funcionamento equilibrado e natural. A neurose é uma espécie de visão distorcida da realidade, um mal estar sempre presente, gerando no indivíduo sensações de infelicidade e instabilidade emocional constante. De certa forma, o medo da morte está no fundo das ideias da maioria das pessoas, por sua conexão com a neurose. Aliás, o neurótico tem tanto medo de viver como de morrer. Viver plenamente é arriscar morrer, e a crença é de que estar aberto à vida é perigoso.
Frederick S. Perls, criador da Gestalt-Terapia, diz que “uma pessoa absolutamente sadia
está inteiramente em contato consigo mesma e com a realidade”.
Ora, nesse caso, uma pessoa pode apresentar medos naturais que a preservam e, de uma forma geral, ela não se aventura desnecessariamente só para provar que tem coragem, pois isto é mecanismo do ego; lembrando que ego se refere à imagem que fazemos de nós e os mecanismos do ego são os que geram uma preocupação demasiada com o que os outros irão pensar de nós, logo, o foco está no outro e não em si mesmo.
A neurose é totalmente diferente disso, pois nela a pessoa não está plenamente em contato consigo mesma e, muito menos, com a realidade. Nesse caso, o neurótico é o que apresenta muitos medos, muita ansiedade, falta de centralidade e, obviamente, ausência de contato com o seu querer verdadeiro, logo, nunca sabe o que deseja ou para onde deve ir, ou eventualmente, segue os caminhos que lhe são impostos ou solicitados por outras
pessoas a quem o neurótico dá poder porque na maioria das vezes também é um dependente emocional.
É claro que ninguém opta naturalmente por ser neurótico, um indivíduo acaba ficando neurótico e entrando em neuroses muito em função da própria formação e conceitos educacionais e sociais que recebe e simplesmente mantém mesmo depois de crescer,
sem questioná-los devidamente.
Mas enfim, do que você tem medo? Medo de viver? Medo de morrer? Medo de doenças?
Do escuro, de água, de altura, de insetos, de animais, de perdas materiais, de perder pessoas queridas? Medo de que o mundo acabe? Medo do futuro, Hipocondria, Claustrofobia, Solidão, Medo de sonhar, Medo de dormir, Síndrome do Pânico...etc,
etc...? Medo de ser si mesmo?
Todavia, é importante entender que os medos fazem parte de nossa natureza. São mecanismos que preservam a vida. Não existe não ter medo de nada, sempre haverá
certa apreensão, uma questão de tomar cuidado e observar melhor. O medo de morrer,
de algo não dar certo, daquilo que não conhecemos ou não entendemos é extremamente comum e saudável. O medo nos impõe um sentido de alerta, como que dizendo:
- Cuidado!
- Vá com calma!
- Preste atenção!
- Pondere!
Enfim, quem de nós nunca teve medo ou receio de algo? Por mais corajoso q alguém
seja, em algum momento de sua vida já sentiu e sentirá medos, receios e inseguranças
frente a alguma coisa ou fato. Sim, porque insegurança também é uma espécie de medo.
Existem os medos de coisas conotadas como ruins, como morte, perdas, solidão,
doenças e tbém os medos de coisas consideradas boas, como: ser feliz, bem sucedido,
ter um bom relacionamento. Aliás, esses medos são denominados de resistências, por
conta de crenças adquiridas ou desenvolvidas durante a formação de um indivíduo.
À medida q os medos fazem parte do mecanismo de preservação da vida, vc deve estar
se perguntando sobre os medos que fazem mal, q são danosos à nossa psique e q nos impedem de nos sentirmos bem. Podemos denominar esses medos de neuróticos, bem como de fobias, que são os medos hiperdimensionados, sem razão aparente de um real perigo.
Dra. Lourdes Possatto
